Uma história de quase não-amor.

Já dizia o outro que o difícil é confiar de novo.
Esta é uma história do quase não-amor, não era amor até que o foi, até que descobri que sempre foi amor, mesmo quando não o conhecia.
É a verdade, não é destino, não é ser a pessoa certa, é ser a pessoa que fica nos momentos de maior incerteza e que fica sempre até mesmo quando não merecemos que fique.
Mas começando pelo início, sabes quando tens a sensação que já fizeste tantas vezes aquela borrada mas estás prestes a fazer de novo e mesmo com o coração numa confusão tu vais e tentas de novo? Foi o que aconteceu.
Encontrei-o quando não o procurava e talvez tenha sido por isso que fiquei mesmo quando achava que não era o mais certo a fazer.
Procurava o que era um caso passageiro, era só mais uma noite, só mais uma festa, só mais uns copos e umas bocas que nunca mais iria ver na vida, porque afinal para quê procurar fazer de novo planos, ganhar esperanças e espectativas se iria voltar a sair tudo furado? Se iríamos de novo ficar na merda, de vazio a ocupar a imagem de quem julgamos que ficaria connosco não importasse o que acontecesse? Não! De novo não! Não iria voltar a ser essa pessoa novamente, e se tivesse prestes a se-la iria saltar fora antes de haver essa possibilidade.
Até que vi um sorriso que se destacou na multidão mas que voltei a perder de vista. Mas quem liga a um sorriso bonito quando não se quer deixar derreter por ele? Eu não liguei. Mas ele não.
Só que nós sabemos, quando não procuramos também não queremos que o outro nos encontre e foi o que aconteceu no início, eu não queria, já não estava habituada a presenças demoradas e tentei não me demorar também, até que fui ficando, de pé atrás mas fui ficando, e na minha cabeça era apenas um "ir ficando" mas nunca é só isso quando damos por isso há um emaranhado de ficanços, se me permitem o palavreado inventado. E é aí que surgem as dúvidas, é aí que queremos recuar, que queremos dizer "não! já chega", que nos mostramos narizes empinados e dedos apontados que somos cheios de certezas e não nos deixamos enganar pelo fraquejar do coração, já chega de partidas não é? Então estamos prestes a deitar tudo a perder para nos podermos ganhar de volta, mas e se quem fica a perder somos nós?
E eu ia perdendo.
Não confiei, não quis confiar, desconfiei até ao último momento, e ele não desistia, ficava, com erros, com inseguranças, com medos e paranóias mas ficava. E eu perguntei-me o que estava errado, porque o certo era virar costas, era ter ido embora como foram todos os outros. Mas ele não! Agarrou-se com unhas e dentes e ficou, mesmo quando não havia motivos nenhuns para ficar, mesmo quando eu mandei embora, ele não desistiu. E eu questionei-me sobre qual era o problema dele, ele não via que eu não era pessoa com quem se ficasse muito tempo? Até que vi, até que eu é que abri os olhos e descobri que o problema foi de quem um dia me fez pensar assim, porque ele estava ali, ainda está, ainda continua aqui, o medo não foi embora e a insegurança também não, mas eles diminuiram, e deram lugar a algo muito maior, a laços inquebráveis, a pequenas certezas que se vão tornando maiores á medida que o tempo passa. E foi assim que um dia e todos os dias alguém me mostra que é possível ficar, que não é só nos filmes que as histórias de amor acontecem, porque na realidade são muito melhores.
Ainda tenho medo e terei sempre, mas é quando tomamos algo por garantido que o perdemos, e o bom da vida é não saber o que o amanhã nos reserva porque isso nos faz aproveitar o hoje como se não houvesse amanhã, e como é bom haver amanhã, poder beijar e agarrar de novo, poder dormir e acordar ao lado da mesma cara ensonada mas sempre com aquele sorriso delicioso pronto para nos dar os bons dias e então isto que começou como sendo uma história de quase não-amor, é hoje puro e simples amor, todos os dias amor. Um amor que fica, que dura que vai contra tudo e todos para nos mostrar todos os dias que quando se ama ama-se á grande e não há nada que destrua o que a vontade de ficar juntou.