Até já Mamã!

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Hoje vinha dizer-te que tenho saudades tuas!
Sim, vinha! Já não venho, porque saudade é tão pequeno para descrever o que sinto que nem deve ser considerada a palavra certa para descrever a falta que me fazes.
Hoje venho dizer-te que dava a vida para me ter de novo nos teus braços. Já te ouço dizer que isso é um exagero, mas não é, o buraco que carrego cá dentro consome-me dia após dia, mata-me a cada segundo que passa, desde que partiste que eu morro um pouquinho a cada dia que vai passando.
Há tanta gente á minha volta e nenhuma és tu, e nunca mais vais ser! Não há dor maior que essa.
Tenho 22 anos e acho que nunca soube realmente o que era a dor, já perdi outras pessoas, já me magoei, já me magoaram, mas tudo o que senti até agora foi apenas uma pequena amostra da verdadeira dor, a verdadeira dor não passa, começa com um formigueiro, e esse formigueiro vai-se desenvolvendo á medida que o tempo vai avançando e não vamos recuperando o que perdemos.
Vem o vazio!
Aquele vazio que começa também como um pequeno buraquinho até que as coisas insistem em continuar iguais e damos conta que é real, que aquilo que aconteceu não foi apenas um sonho mau, depois o formigueiro e o buraquinho espalham-se, é como que destroem o peito, sinto que tenho uma ferida aberta no lugar do meu coração, e então agora sabendo que estou apenas no pequeno inicio de tamanha dor, apercebo-me que isto realmente é o que dói, ser-nos tirado o que nunca, passe o tempo que passar iremos ver recuperado. E ao juntar ao formigueiro e ao buraco que fica, ao vazio que se aloja no centro do meu peito vêm as dúvidas, os receios, o "e agora", o "e depois?", e quando choro já não tenho o maior apoio, já não tenho o colo, já não tenho quem me diga que vai tudo passar, mesmo que ainda vá tendo quem me o diga já não é com aquele carinho, com aquele encorajamento, com aquela preocupação sincera, sei que o teu coração também chorava de cada vez que eu o fazia, mas agora não consigo mais evitar, quando choro já não me sinto aliviada, quero sempre chorar até já não ter mais nada para deitar fora e quando julgo que já não tenho há sempre mais a chorar. Tu compreendias-me sempre, vias sempre o meu lado, já mais ninguém o faz como tu, das poucas vezes que chorei á tua frente tu percebeste-me sempre e agora quando choro, faço-o sozinha porque mais ninguém parece entender como tu!
Eu sempre me senti sozinha, mas agora que partis-te sinto a verdadeira solidão, antes quando era mais nova e achava que ia acabar sozinha, que estava totalmente sozinha, que ninguém me entendia, que não tinha ninguém que me apoiasse estava a ser estúpida, o meu maior apoio, o único que realmente iria sempre lá estar eras tu, mesmo que eu não o entendesse, mas agora não... e agora eu sei o que é sentir-me sozinha, mesmo rodeada de pessoas cá dentro eu estou completa e totalmente sozinha, tudo o que eu sinto, sinto sozinha! Tudo o que eu sofro, sofro sozinha! E tudo o que eu choro, choro sozinha!
Hoje venho dizer-te que te quero aqui!
Como quis ontem!
Como quis antes de ontem!
Como vou querer amanhã, como vou querer até ao fim da minha vida!
Fazes-me tanta falta ao ponto de sentir que mais nada me faz falta.
E isso destrói-me!
A procura.. a constante busca por um pequeno sinal de que ainda aqui estás, se tiveste que ir então eu quero um sinal de que não foste completamente embora, porque eu não aceito que foste! Não aceito que tudo o que tu eras deixou de existir, é impossível! Eu preciso de ti, preciso de te sentir aqui, é óbvio que te sinto dentro de mim todo o momento, mas preciso de algo físico, não se trata de me tentar enganar, ou talvez seja isso, mas eu acredito que vais sempre estar comigo, eu sei que estás mãe... mas preciso de um sinal, nunca mais vou ter o teu toque, ou a tua voz e não há nada pior que isso, portanto, todas as noites quando olho para o céu e vejo a estrela mais brilhante que tem estado presente sempre no mesmo sítio e que é a primeira a aparecer eu peço que sejas tu, eu falo com ela e trato-a por mãe, e peço por um sinal, digo-lhe sempre que te amo e tenho saudades tuas, digo-o baixinho porque ninguém precisa de saber que és tu, que eu acho que és tu!
E ás vezes quando dou por mim, antes de ir para a cama eu sento-me na varanda e fico apenas a olhar para o céu, a falar com a estrela, a desejar que tudo isto não passe de um sonho mau, a desejar encontrar-te de novo, ter o miminho, as palavras, vou chegar a casa, subir as escadas e sentir o cheirinho do jantar que já está a fazer porque tu estás lá á minha espera.. e agora nunca mais ninguém vai esperar por mim como tu esperavas, e dói-me tanto mãe, dói-me tanto ter-te deixado ir, não ter podido fazer mais... dei o meu melhor por ti e continuaria a dar até ao fim da minha vida, fiz tudo o que pude, mas agora tudo parece tão pouco... toda a gente me diz que tu dizias que eu estava a ser uma filha tão boa para ti, e isso consola-me um bocadinho sabes? saber que sentis-te o meu amor, o meu apoio!
E agora que quero tanto voltar a mimar-te sem a doença, só mesmo pelo simples facto de te amar acima de qualquer outra coisa no Mundo! Agora já não te tenho, tudo o que tenho é uma vontade imensa de te encontrar, uma estrela para quem falar, e uma pedra onde vou levando flores na esperança que sintas o meu carinho onde quer que tu estejas, dentro de mim, ao meu lado, a olhar por mim... eu sei que ali não é o teu lugar, é só o lugar do teu corpo, todos nós temos um, o que importa é quem somos, a nossa alma se quiserem assim chamar, e quem tu és está em algum lugar que eu acredito que seja onde eu estiver, mas aquilo é um simbolismo, coisas que eu nunca liguei , sempre fui apologista de que flores dão-se aos vivos, mas agora é muito mais que isso, agora és tu quem partiu mas que eu não sinto que partiu, então eu continuo a dar flores aos vivos porque é como ainda te sinto, é como sempre te irei sentir, apesar da procura dos sinais, talvez seja esse o sinal, talvez seja a estrela que brilha mais que as outras, que brilha mesmo quando não há mais nenhuma no céu.
Sinto tanto, mas tanto a tua falta mamã. Tudo o que quero é que estejas aqui, e na impossibilidade de tal vou continuar á tua procura, vou-te escrevendo e vou falando para ti, vou viver os meus dias da melhor forma possível, sei que me queres bem e feliz, e eu vou viver para uma vida boa, sei que um dia te vou reencontrar espero que nesse dia estejas pronta para a quantidade de mimos que te vou dar.
Amo-te muito mamã, até já.

Comentários

  1. Impossível ler e não ficar de lágrimas nos olhos! O meu coração ficou pequenino.
    Sei que pode soar a cliché, mas ela estará sempre ao teu lado*

    r: Não podia estar mais de acordo contigo :)
    O medo coloca-nos à prova e é mesmo gratificante quando superamos as tais barreiras que nos impomos

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