Procuro por ti.


Tenho tantas coisas para te contar... Começando por uma história engraçada e acabando por te abrir o coração como nunca antes fiz.
É incrível como ultimamente tudo é um lembrete de ti, um gesto, uma expressão, coisas tão pequenas que me ferem tanto. 
E eu fecho-me, não consigo pensar em ti, não consigo permiti-me sentir a tua ausência.
Quando o faço o meu coração é apenas uma grande ferida aberta, que não cura, apenas aumenta, aumenta até eu ser toda uma ferida incurável. E a dor... Nunca tinha sentido nada assim. A verdadeira dor é esta. Se algum dia eu pensei que nada podia dor tanto, a tua partida é a prova de que eu estava enganada.
Fez 6 meses que fiquei sem ti, e eu ainda não acredito. Até que a tua imagem me vem aos olhos, a imagem de ti naquela cama de hospital e nada me destrói tanto como isso, quantas noites eu passo em branco a tentar não pensar, a tentar apagar as imagens que mais me ferem...
E então vem a revolta. A angústia. A raiva. Por não te podermos ter salvo, por não te podermos ter curado. Por não ter visto a tempo. Por não ter podido ter feito mais.
E a revolta maior foi ter visto a minha mamã naquele estado, naquele sofrimento, a lutar por mim, a lutar a cada segundo que passava, para tudo ter acabado assim. "Quem vai cuidar de ti se algo me acontecer?" Ninguém mãe, ninguém vai cuidar de mim como tu cuidavas, mas há quem cuide, do jeito deles... 
Mas é esse cuidado, esse afecto, esse mimo e esse amor incondicional que eu nunca mais vou ter. E como é que eu vivo com isso? Como é que eu vivo sem ti no mundo? Saber que nunca mais te irei ver. Que nunca mais te irei sentir, que nunca mais vou ouvir a tua voz. Entendes agora porque eu me fecho? Porque eu construí esta barreira? Porque eu não estou pronta para enfrentar. Nunca fugi de nada, mas tenho de fugir disto. Imaginar a minha vida se ti... Nunca nada vai voltar ao mesmo, eu nunca mais vou ser a mesma, eu mudei, eu sinto isso todos os dias, não foram grandes mudanças, mas cá dentro, as coisas não são mais as mesmas... e isso também me assusta.
Fui forte estes meses todos, mas não me peçam para sentir a dor, para não fugir dela. Peçam-me tudo, menos para eu me permitir ficar sem ti.
Procuro-te tantas vezes, e por tantas vezes não te encontro. Ás vezes sonho contigo, mas a realidade chama sempre por mim. Merda da realidade que não me deixou ficar contigo mãe. Merda dessa doença que te tirou de mim, que tirou de mim a melhor coisa que me podiam ter dando. É uma honra dizer que és minha mãe, assim como sei que a tua maior alegria sempre fui eu. Mas eu não acredito que foste embora, não consigo...
Procuro por ti sempre que te vou levar flores, mas nunca consigo falar contigo, ver o teu nome naquela placa não faz sentido, desfaz-me em bocados, mas não faz sentido. Sei que tu não estás ali, é só o simbolismo do teu ultimo lugar, mas eu tenho de me agarrar a alguma coisa, tenho de sentir que continuo a cuidar de ti, a mimar-te, a amar-te. Eu vou amar-te sempre, tu partis-te, mas não morres-te meu amor!
E agora volto a fechar-me no casulo. Com a dor, a saudade, as tuas imagens guardadas do outro lado da barreira, porque assim é mais fácil.
Vou guardar sempre a tua despedida dentro de mim, a última tentativa de um abraço, a última demonstração do teu grande amor por mim. 
Obrigado por seres a melhor mão do mundo, tudo o que sou devo a ti, e o eu maior pedido de desculpas é para ti, por todas as vezes que fui injusta, por todas as vezes que te dirigi uma palavra torta, por todas as vezes que causei uma lágrima nesse rosto lindo. 
O meu coração está contigo, assim como o teu sempre esteve comigo. 
Sinto a tua falta, e mesmo não conseguindo ainda falar de ti, prometo nunca parar de te escrever. 
Amo-te.
Até já mamã.

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