Hoje depois de muitos dias, muitos meses e estações do ano desde que partimos da vida um do outro, escrevo-te novamente.
Depois daquele dia prometi a mim mesma que nunca mais te iria querer, prometi que já não significavas nada, que o passado tinha ficado bem lá atrás e que um dia se te voltasse a encontrar seria como uma cara qualquer, como uma figura que passa e não me diz absolutamente nada.
Jurei no dia em que sai de casa que nunca mais te iria procurar, apaguei o teu número, e qualquer rasto da tua presença, fiz com que desaparecesses por completo.
Procurei então outros corpos, enganei-me com outros sabores, tinha-te esquecido!
Bloqueei a tua imagem da minha memória, e guardei-te num sítio dentro de mim tão distante que acreditei realmente nunca mais te desenterrar.
Comecei então uma vida nova, dei a mim mesma um novo recomeço, não sei dizer ao certo como consegui, fiquei tão magoada, tão perdida que me obrigar a esquecer-te foi quase automático, era a única forma de não sentir mais nada. Nunca me preparei para a dor da perda, quando amamos e nos sentimos totalmente amados nunca acreditamos realmente que isso irá acontecer, então decidi não lidar com ela.
Tu eras gigante, tinhas tudo! Começando no interior e acabando no exterior, eu, uma eterna apaixonada por sorrisos escolhi o teu como o meu preferido, e foi a primeira coisa que me obriguei a esquecer.
Cabias em mim como nunca ninguém coube, tu enchias-me as medidas, durante o tempo todo em que estivemos juntos eu descrevia-te como "o homem feito para mim", e quando te perdi foi como se me tivessem arrancado a melhor parte de mim. Doeu comó diabo!
Então eu tinha-te esquecido.
Nunca mais pensei em ti e quando o fazia apenas te rejeitava.
Nunca mais te vi, o que facilitou o desapego, nunca mais te ouvi, e nunca mais ouvi falar de ti.
Já não fazias mais parte da minha vida, afinal tinha sido fácil.
Até que...
O esforço, o esquecimento, o seguir em frente, foi tudo por água abaixo no primeiro momento em que te volto a ver.
Foi como voltar atrás no tempo, de repente estava eu de novo no meu grupo de amigas quando marcamos o primeiro encontro de muitos, entusiasmados por nos vermos, por nos tocarmos, por nos termos...
A única diferença foi que desta vez ambos fingimos que não nos vimos.
Não sei o que dói mais, se o ter saído porta fora com a certeza que nunca mais iria voltar, se a incerteza de que um dia iremos parar de fingir que não nos conhecemos.
"longe da vista, longe do coração" nunca fez tanto sentido como agora que estás tão perto, e chego á conclusão que nunca te esqueci, não sei o que é isto e é assustador. O que se passa comigo?
Jurei nunca mais te procurar, mas os meus olhos traíram-me, traem-me todos os dias em que te procuro, voltei a ser aquela pequena apaixonada que te esperava ansiosa á janela de casa sempre que se aproximava a hora do regresso do trabalho.
Talvez não mereças, talvez eu não mereça, mas a verdade é que nunca fiz o luto ao nosso término, é por isso que me sinto assim? É por isso que sinto tanta vontade de te falar, de te contar as mudanças da minha vida, será por isso que preciso tanto de saber de ti? Não sei porque motivo não te esqueci, a única certeza que tenho é que realmente não o fiz.
Sei que no momento em que tu voltares a sorrir para mim não há volta a dar... Voltarei a ser tua, como fui desde o primeiro momento em que te vi.
Mas esse momento ainda não chegou, a vida é feita de encontros e desencontros, talvez tenhamos de nos desencontrar tantas vezes para sabermos apreciar o que é realmente ficar.
Talvez um dia o nosso encontro definitivo chegue, quem sabe...
Quem sabe um dia nos sorriamos, juntos...
Até lá vamo-nos cruzando em ruas, em esquinas, e em qualquer lado que vá a cidade ilumina-se e fica muito mais bonita graças á tua presença.

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